IBGE divulga pesquisa sobre conectividade no campo

14 de Dezembro de 2023

O IBGE divulgou os dados da PNAD Contínua sobre acesso à internet, televisão, rádio e posse de celular móvel, com detalhamento por situação do domicílio (rural e urbano). Os dados mostram um grande avanço no acesso à internet nos últimos anos, principalmente no meio rural. A porcentagem de pessoas com acesso à internet subiu de 32% para 78%, entre 2016 e 2022, uma ampliação de 144%. A ampliação no acesso à internet beneficiou-se da ampliação do acesso à telefonia móvel, com o número de pessoas acima de 10 anos com telefone celular passando de 55%, em 2016, para 71%, em 2022. Apesar da ampliação, o custo do aparelho continua sendo um entrave para 30% dos que não possuíam o aparelho no País, variando de 41% na região Norte a 9% na região Sul.

 

O acesso ao computador ou tablets ficou praticamente estagnado neste período, observando na verdade uma pequena queda, de -17% nas zonas rurais. Apenas 13% dos domicílios nas zonas rurais tinham computador em 2022, contra 16% em 2016, o que revela em parte o peso da crise econômica vivida no período. Enquanto no Brasil em média 58% dos domicílios não haviam tablets ou computadores, na zona rural esta média sobe para 85% dos domicílios. Variando de 70% na região Sul a 91% e 92% no Nordeste e no Norte, respectivamente. Os números variam um pouco quando olhamos para os moradores domiciliados zona rural, 14,4% deles afirmavam ter computador, em 2022, contra 17,2%, em 2016.

O consumo de rádio por aparelho tradicional vem perdendo espaço para o acesso via aparelho de celular. Cerca de 42% dos domicílios não têm radio, na zona rural, contra 44% na área urbana. A porcentagem de lares desprovidos de aparelho de rádio varia de 53% no Nordeste a 24% no Sul, onde é mais comum. Por outro lado, 90% dos domicílios nas zonas rurais do país tinham televisão, mesmo no Nordeste, onde outros indicadores são menores, o que mostra a grande capilaridade deste meio de comunicação no País.

O crescimento do número de pessoas que faz uso da internet nos domicílios rurais, desde 2016, foi mais expressivo no Sul e Centro-Oeste, ainda que nos últimos dois anos o Norte tenha também observado uma queda acentuada. Mesmo assim, dos cerca de 9 milhões de domicílios rurais do Brasil em 2022, 22% não tinham acesso à internet, contra 65% em 2016. As melhoras “taxas de cobertura” estão na região Sul e Centro-Oeste, onde apenas 15% dos domicílios não tinham acesso efetivo à internet, a pior está na região Norte, com apenas 35%. Quando olhamos para os moradores, os números são um pouco diversos, 29% na região Nordeste não acessou a internet em 2022, contra 21% no Sul.

 

Ao todo, a pesquisa identificou cerca de 3 mil domicílios sem acesso à internet ou telefonia celular e 2 mil domicílios sem acesso à internet, metade deles na região Nordeste. Os dados de 2022 mostram 31% dos domicílios com ausência de acesso à internet ou telefonia móvel, em que os moradores afirmam em sua maioria não funcionar ou em alguns casos até ignoram se há ou não o serviço disponível.

A pesquisa indagou também o motivo de esses domicílios não terem acesso à internet. Para 31% dos domicílios no Brasil, o problema é o preço do serviço. A porcentagem dos que atribuem ao preço, a falta de acesso é maior no Nordeste, onde 38% dos domicílios citam este problema, contra 20% no Sul. Na média do país, as pessoas que acessam à internet na zona rural ganham 27% a mais do que as que não acessam, com o rendimento médio mensal domiciliar per capita de R$ 951 entre os que acessam e R$ 746 entre os que não acessam. Lembrando que, em 2022, o salário mínimo era de R$ 1.212.

A indisponibilidade do serviço foi outro dos empecilhos relevantes para falta de acesso, principalmente no Norte, como aparece no Gráfico 3. Outro ponto relevante para falta de acesso à internet é por dificuldade no uso da ferramenta. Em cerca de 26% dos domicílios foi apontada a ausência de qualquer morador que saiba utilizar a internet, o que mostra que o acesso à educação e à formação nas novas tecnologias é também um entrave para utilização desta importante ferramenta de comunicação.

 

Fonte: Subseção do DIEESE/CONTAG

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